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UM POUCO DE BOTÂNICA

Alguns tipos de lavanda extraídas do livro "Lavender Lover’s Handbook" publicado pela autora Sarah Berringer Bader.

GENERALIDADES

A ordem Lamiale é composta por 21 famílias, das quais participam 17.800 espécies. Dentre as famílias destaca-se a família Lamiaceae, antigamente denominada de Labiaceae. A família Lamiaceae contém 258 gêneros e 6900 espécies. A lavanda pertence ao gênero Lavandula, contendo 39 espécies.

A lavanda é uma planta herbácea, perene, podendo atingir altura de 80 cm possuindo um sistema radicular pivotante. É uma planta xerófita, portanto resistente a seca, necessitando de água apenas no período inicial de sua implantação.

PRINCIPAIS ESPÉCIES E VARIEDADES CULTIVADAS

Lavandula verdadeira ou fina (Lavandula angustifolia)

Esta espécie é também conhecida como Lavandula officianalis. Diferencia-se da Lavandula spica por possuir folhas estreitas. Possuem folhas lineares e apresentam-se em pequenas touceiras. As hastes florais são curtas, sem ramificações, com aspecto variável tanto na forma como na cor. Como a Lavandula spica, produz sementes, reproduzindo-se sexuadamente. Possuem flores de coloração azul com perfume intenso. As plantas podem diferir umas das outras pela forma da espiga, cor (clara, violeta, rose, branca). A planta pode atingir altura de 60cm, largura de 40cm, ocorrendo a floração, na França nos períodos mais quentes do ano (junho, julho e agosto).

A Lavandula angustifólia é considerada a mais importante pelo seu intenso uso na indústria de perfume. A essência que é extraída desta espécie recebe a denominação de origem protegida (AOP).

Principais variedades: Rapido e Carla

Suportam bem o frio e preferem terras situadas acima de 600m de altitude, podendo ser encontradas em locais com altitude acima de 1400m. O número de botões florais desta espécie pode ser aumentada quando a mesma passa por um período de frio de 4o C, seguido e uma elevação de temperatura de 25o C e fotoperíodo de 15 horas.

Nos Alpes do Sul da França, são cultivados aproximadamente 4000 ha da L. angustifólia, em terras rochosas, assim como o Lavandin. Secas sucessivas e o surgimento da doença de secamento da planta causada pelo phytoplasme de Stolbur, tem proporcionado diminuição da área de plantio.

A L. angustifólia tem sido cultivada em áreas montanhosos, em áreas bem ensolaradas, em solos carbonáticos, pouco profundos e de baixa fertilidade.

Lavanda dentata (Lavandula dentata)

Esta espécie de lavanda, apresenta folhagem persistente de coloração variando de verde claro a escuro, apresentando folhas recortadas e flores azul-violeta. Quando atingem a maturidade, a lavanda apresenta altura de 0,50 a 0,70m. Na França a floração intensa da lavanda dentata ocorre na primavera. Todavia, pode ocorrer também floração secundária ao longo do ano.

A lavanda dentata tem sido utilizada como óleo essencial e como anti-traça. A lavanda dentata 'Adrar M'Korn' é muito procurada devido sua rusticidade, floração longa e precoce.

No Brasil, a lavanda dentata tem sido a principal espécie de lavanda cultivada. Destacam-se os municípios de Monte Verde (MG), Cunha (SP), Gramado (RS) e mais recentemente Garanhuns (PE).

Lavanda Aspic ou grande lavanda (Lavandula latifolia)

Também conhecida como Lavandula spica. Na região de Provence é chamada de espi ou aspic. Esta espécie, reconhecidamente tem porte elevado, com folhas largas e aveludadas com hastes florais longas e finas. As flores são azuis claras com um cheiro de cânfora muito forte na extremidade da haste (semelhante ao eucalípito).

Estas plantas podem atingir 0,60 m de altura e largura de 0,40 a 0,50 m. Na França a floração se dá de julho a agosto.

A Lavanda aspic se adapta bem em regiões quentes, solos secos e calcários. Desenvolve-se bem em altitudes abaixo de 600 m, sendo uma das espécies mais cultivada na França.

Lavandão ou lavandin (cruzamento entre a L. angustifolia e L. latifolia)

O lavandin surgiu da hibridação espontânea através das abelhas entre a lavanda verdadeira e aspic. Estas plantas são mais desenvolvidas que outras lavandas e são também nominadas como lavandão. A primeira polinização artificial entre a aspic e lavanda verdadeira, foi observada em 1927. 

O lavandin é estéril, sendo, portanto, sua multiplicação realizada por meio da propagação vegetativa.

Dentre as diversas variedades de lavandin, destacam-se as quatro principais normalmente encontradas no mercado.

 

  • Lavandin abrialis ou abrial – Desenvolvida por Dr Abrial nos anos 30, ocupam 66% dos solos cultivadas na França;

  • Lavandin super – é a variedade mais próxima da lavanda fina. Representa 5% da produção na França;

  • Lavandin sumia – Representa em torno de 10 % da produção e é mais próxima do lavandin abrial;

  • Lavandin grosso – esta variedade é robusta e produtiva. Representa de 70 a 80 % da produção. 

O lavandin, apresenta folhas verde-cinza e flores violetas. Sua dimensão floral é maior que as demais lavandas: altura em flor entre 0,80 e 1,20 m. Esta espécie é mais cultivada nos dias de hoje devido as flores serem mais produtivas em temos de óleo essencial, comparada a lavanda verdadeira. A lavandin Dutch é considerada com a mais rustica, pois resiste a temperaturas baixas como -20o C. Todavia, nestas condições apresentam baixa floração.

O lavandin cresce em altitudes de 200 a 700 m, podendo atingir altitudes de 1000 m. O lavandin caracteriza-se por sua robustez e pela sua capacidade de se adaptar ao clima e ao solo. O rendimento de óleo chega a ser 10 vezes maior que as demais lavandas. Apesar de ser mais produtiva, o lavandin apresenta qualidade inferior de óleo essencial comparativamente a Lavandula angustifólia.  

Lavanda marítima (Lavandula stoechas)

Também conhecida lavanda borboleta, por vezes é chamada de Stoechas arábica. A denominação arábica é utilizada, não por elas originarem-se desta região, mais pela forte recomendação de uso que é feita pelos médicos árabes. As flores possuem grandes brácteas de coloração violeta escura. A planta possui altura de 0,60cm e largura também de 0,60cm quando atinge a maturidade. A floração é precoce e ocupa um vasto território, sobretudo no mediterrâneo. O período de floração geralmente ocorre na primavera de abril a junho. É considerada pouco rústica preferindo solos ácidos.

A essência da L stoechas tem um forte aroma canforado e pouco aromático. 

Tipos: Stoechas officinarum, Stoechas pedunculata e Stoechas dentata

Lavandas clonais

A lavanda clonal é multiplicada por estaquia (de forma vegetativa). Sendo assim, as mudas possuem a mesma carga genética da planta mãe. Estas plantas apresentam uma produtividade bem superior, comparado à Lavandula angustifólia. Enquanto que a L. angustifólia produz 15 kg de óleo essencial para cada ha, a lavanda clonal produz 40kg. As principais variedades são: Maillette e a Matherone. A Maillette foi selecionada após mais de 50 anos de cultivo em terras montanhosas do Lure.

Lavanda Super azul

A lavanda super azul apresenta um pigmento azul vivo e persistente. Por este motivo tem sido muito utilizada para a confecção de bouquets e conservação de flor seca. Geralmente este tipo de lavanda é encontrada nas colinas de Ventoux e Drôme em altitudes superiores a 700m.

No mês de julho, momento em que as lavandas estão floridas, os agricultores selecionam as plantas que apresentam a cor azul mais intensa. Estas plantas são marcadas com um piquete para serem multiplicadas no mês de fevereiro.

A lavanda super azul, assim como a L. angustifólia, tem sofrido redução no plantio devido a secas severas e do apodrecimento, cedendo lugar ao lavandin, mais resistente.

As fotos abaixo foram extraídas do livro Lavender Lover’s publicado pela autora Sarah Berringer Bader.

©2018 by Amar Amara-Lavanda das Colinas de Garanhuns

Responsável pelo Conteúdo: Gustavo Pereira Duda

Criado por Arretada Comunicação

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